S.O.S. EDUCAÇÃO - 2
Diário de classe (versão vida real)
2. Hoje acordei indisposta!
''Era uma vez um professor sorridente na sala de aula, com
todo seu material de trabalho fornecido, plano de aula executado com a
colaboração de todos, a comunidade e a gestão escolar presentes, e os alunos,
digamos...os alunos com muuuita vontade de aprender............................................BAZINGAAAAAAAAAAA!!''
Professor, você já percebeu as múltiplas tarefas
implícitas e a pouca ou quase nada valorização da profissão? E quanto mais
observo a sociedade e os adultos que dela brotam, mais eu tenho a impressão de
que a escola não está dando conta SOZINHA da tarefa de educar o ser humano para
o respeito, o convívio com o diverso, a tolerância e a reflexão holística.
Enfim...
Diante disso, quis resumir um pouquinho o que rola dentro da
sala de aula com exemplos de alunos ''chuchu beleza''. Estão prontos?
1. O aluno chamativo (sem noção). Sei lá...talvez seja
carência ou não...Não gosta do professor mesmo, qualé?! O aluno faz de TUDO
para ser notado e afrontar, gritando, xingando, batendo na carteira ou na
cadeira ou em qualquer objeto que faça barulho, se joga no chão, escala o teto,
assobia, canta, corre na sala, come salgadinho, biscoito e bala de boca aberta
e depois, para finalizar: ''BURRRRRRRRRRP''- arrota alto na sua frente.
2. Aluno debochado. O professor é um ser
perfeito! Não pode tropeçar, gaguejar e cometer nenhum erro durante a aula,
caso contrário, o aluno se prontifica
logo após qualquer falha a dar sua risada maldosa e a cochichar com os colegas:
''Ai...que burro, dá zero para ele.'' Há situações também onde este aluno
justifica o próprio comportamento inadequado com ‘’Tá doido? Eu não tô fazendo nada!’’ e
‘’Oxee, tudo sou eu nessa ****%’’.
3. Aluno indescritível. Como eu posso
expressar..........bom, é aquele que te deixa sem palavras, com cara de
paisagem! Com esse aluno sempre surge o flashback da sua vida e a pergunta de
como foi parar ali e se tornou professor. Na sala você pede silêncio para
explicar, e aí ele responde: ''Fala ué, eu não estou te segurando...'', e
continua conversando totalmente indiferente! Outros mais sutis, depois do puxão
de orelha, olham calados uns instantes para você, e no minuto em que você pisca
e retoma o fôlego para explicar a lição, ele ninja que só, já virou as costas e
voltou a conversar. Ohh, dureza!!!
4. Aluno do medo. Tem aluno que só te respeita se você for o
professor que ''mete o loko e tal''. Então, ciente do desafio, você prepara
todo um ritual: entra na sala descabelado e com o olhar pré-exorcizado e solta os
lobos de uma vez, e ainda usa a sua voz gutural, hehe! Aos poucos o efeito vai surtindo, o aluno fica
boquiaberto, os olhinhos transformam-se em inocentes e assustados. Confesso que
não uso este método, por ser o mais estressante e prezar pela minha saúde (sabe-se
lá quando me aposentarei).
5. Aluno seletivo. Dependendo do professor ou da ocasião ele
tem diferentes comportamentos. Dificilmente o professor consegue traçar um
perfil autêntico. Para o professor de Educação Física e Matemática, ele é
massa, já com o de História e Artes é o aluno chato que atrapalha o andamento
da aula. Quando está na sua aula, parece não te suportar, mas quando por acaso te acha
na rua, grita: ''OOiiiii, querida professoraaaaaaaaaaa.'' Vai entender, né!
6. Aluno modinha. Se a maioria começa a cantar parabéns, ele
também canta. Se a maioria xinga o colega, ele também xinga. Se todos não estão
fazendo a lição, ele também não faz. Se todos batem no colega, ele também bate.
Se todos não respeitam o professor, ele também não respeita! Ou seja, se a
turma inteira não quer nada com nada, ele muito menos! Triste, mas real...
7. Aluno arrogante. Ops...aqui acaba meu texto. Devo me
retirar, minha presença não é mais necessária. Aqui já se sabe de tudo! Beijos,
até a próxima!
Profa Jacqueline
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirovembro de 2017 01:38
ResponderExcluirBelo texto Jacque, ótima reflexão. Infelizmente você está corretíssima, é isso mesmo, compartilho da sua insatisfação e decepção. Quando observamos esse país degenerado e atrasado, onde a classe dominante e política nos causam raiva e tristeza todos os dias, entendemos que o exemplo não vem de cima. Por outro lado, este povão, também idiotizado pela Matrix, fornece o substrato para a existência desta referida classe dirigente deste Brasil. A degeneração também emana do povo. Este, seja pobre, médio ou rico, vive confundindo o público com o privado. Para piorar o quadro, convivemos com "colegas de trabalho" prontos para te colocar para baixo, pelegos profissionais, muitas vezes em troca de nada. Isso é o Brasil. Se a crise tem um lado pedagógico, é este de desnudar toda a degeneração desta sociedade, onde poucos de nós tupiniquins se salvam. Triste realidade.
Obrigada por ler o texto, Luis. Fico feliz pela reflexão que possa ter gerado a leitura...e ainda mais pelo ''tupiniquim'', adorei, haha! :D
ExcluirAbraço querida. Fazer o quê? Só nos resta seguir em frente, nos ajudarmos e nos solidarizarmos. E a vida segue.
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