S.O.S. EDUCAÇÃO - 4
Diário de classe (versão vida real)
4. O Bode expiatório
Eis que em um belo dia ensolarado, com o
vento voando solto e livre nos bosques e arvoredos da vida, tiveram a brilhante
ideia de encher aproximadamente 30 crianças em sua maioria vigorosas,
expansivas, imprevisíveis, incontroláveis, imaginativas, corredoras,
saltitantes e escandalosas (barulhentas + chamativas + carentes de atenção), ou
seja, sem limites, num espaço restrito com paredes e janelas com grades em
volta, cadeiras e carteiras enfileiradas e uma lousa. A lousa, que não é o Sol
representando um novo dia, um barulho e um ar pesado, que certamente não é o
aroma das flores e nem a calmaria de um sonho.
Mas...mas as crianças espertas que só
vendo...Advinha? Usam a parede para apoio quando alguém é empurrado, as
cadeiras como balanço e carrinho - tá, às vezes para competição de Stock Car, a
lousa para desenhar, escrever os nomes dos ''cruchs'' e para copiar por copiar,
e também podem usam as carteiras para praticar parkour ou simplesmente se sentar, etc..
Ah, já ia me esquecendo de falar do papel do (a) professor (a) dentro desse
ambiente inevitavelmente repressor... pois imagina se todos os impulsos das n criancinhas
fossem permitidos?
É comum o professor ser humilhado por não conseguir
manter a ordem (sentados e calados) e o progresso (provas e rendimento). Quem
nunca ouviu? : ‘’Olha lá, alunos em pé e conversando e o professor está na
sala e não faz NADA’’. Infelizmente, perdemos mais tempo tentando achar a culpa
do fracasso educacional em alguém, do que lutando juntos contra o quê realmente
importa e adoece a profissão.
Bom...além disso, enquanto nós professores estamos ano após ano lendo as mesmas teorias que dizem sempre como é a aula perfeita, e sempre ouvindo puxação de saco com discursos maravilhosos da educação como a solução de todos os problemas do mundo na agenda política, ignoramos o fato de que somos parte da própria embreagem desta máquina burocrática, velha, falida e abandonada pelo
poder público e comemorado pela classe dominante. Voilà!
Profa Jacqueline
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